Sou da cidade grande, mas minha alma é sertaneja. Nas andanças pela vida nas veredas do sertão, ora empoeiradas, ora verdejantes, encontrei minhas raízes em meio a história de andarilhos passados. Ouvir as cantilenas de Dona Lili de Ventura, as observações de Dona Iaiá, de Lençóis, a experiência de dona Chiquinha, de Central, sentir a força e o encanto dos versos de Manchinha em Nova Redenção… Acabei por juntar as peças, encontrando minhas origens perdidas através das pedras que rolam cachoeira abaixo e nos regatos cristalinos da Chapada Diamantina, onde as gemas preciosas cintilam com o raio do sol.
Minha natureza sempre foi desbravadora e aventureira. Preferi os arquivos públicos às salas de aula e construí minha trajetória ouvindo o povo do sertão. De natureza inquieta, encontrei nas trilhas, o silêncio e a inspiração para meus escritos. Desde o ano de 1973, percorro estradas de Norte a Sul da Bahia, “de baixo a riba em lugá riscoso” como se diz no sertão, desenvolvendo pesquisas aqui e acolá, em busca de reminiscências do meu eu, do povo sertanejo, da nossa própria história brasileira.
Fui editor-chefe por 20 anos do Jornal Correio da Chapada. Editei também revistas turísticas e políticas na Chapada Diamantina. A Revista Municípios da Bahia foi um marco na região. Ocupei cargo de Secretário de Turismo e Meio Ambiente do Município de Jussiape, uma das diversas cidades que vivi no interior da Bahia. Fiz pesquisas espeleológicas, sobretudo quando fui diretor da Sociedade Baiana de Espeleologia, em Iraquara e, ainda, redescobri as ruínas de uma cidade perdida no interior, em Andaraí. Revelei para o mundo um possível monumento megalítico em Paramirim, ocasião que o relatório oficial do Governo do Estado da Bahia batizou o monumento como Pedra do Bandeira. Ocupei o cargo de presidente da Academia de Letras e Artes da Chapada Diamantina, em Andaraí no ano de 2007 que, infelizmente, não continuou por falta de recursos.
Aceitei convite para fazer parte como sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia no ano de 1985. Sou membro da ALAS – Academia de Letras e Arte do Salvador (cadeira 33) e escrevi até 2018, 22 títulos, entre obras publicadas e inéditas ainda no prelo.
Minha alma viajante continua o périplo, agora expandindo a missão de levar nossa cultura e história para todo o Brasil, com viagens agendadas aos estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Paraíba e Piauí. E enquanto a vida me permitir, continuarei a viajar e escrever, para que nossa história se perpetue. E que meus livros falem mais sobre mim, do que eu mesmo.
Abraça-lhe o amigo baiano,
Renato Luís Bandeira